quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Augusto Comte e as Influências de Saint-Simon

A Revolução Francesa (1789) trouxe um imenso poder político à burguesia, acabou com certos fundamentos da sociedade feudal e proporcionou grandes inovações na vida sociedade. Mas, é claro, nem tudo são flores a Revolução Industrial, fez com que a sociedade entrasse em crise e profundas desordens dentro da organização social.
Augusto Comte (1798-1857), discípulo e secretário particular de Saint-Saimon, fez com que a Sociologia começasse a criar contornos como ciência.
Segundo LEMOS, 2009, p. 44): “Nascido no final do século XVIII, viveu toda a primeira metade do século XIX, período de crises e desordens sociais, consequências das desestruturações política e econômica provocadas pelas revoluções.
Aos 15 anos, ingressou na Escola Politécnica de Paris, fundada pelos revolucionários, em 1794, com o objetivo de formar a juventude com mentalidade científica e não religiosa. Com a restauração da monarquia em 1816, Comte envolveu-se em vários acidentes com o novo governo e foi expulso da escola. Não se relacionando muito bem com sua família, vive solitário, estudando e lendo os “ideólogos”, os teóricos da economia política, os historiadores e filósofos. Um dos pontos principais do seu pensamento partiu da obra de Turgot, Plano de dois cursos sobre a história universal (1751), que vai ser a base da sua lei dos três estados.
O estado de anarquia intelectual e política, que se sucedeu à Revolução Francesa, impressionou profundamente o jovem Comte. Com o desenvolvimento das ciências naturais, o pensamento do século XX não se preocupava em procurar o porquê das coisas e em indagar-lhe a sua essência.”
Na realidade a palavra de ordem era desprezar as causas inalcançáveis, dando prioridade à busca de leis, isto é, das relações constantes existentes entre os fenômenos sociais. A ordem era observar na prática as mudanças das sociedades como um todo.
Ainda assevera o autor (LEMOS, 2009, p.45): “Em 1818, Comte tornou-se secretário particular de Saint-Saimon, do qual assimila as ideias principais, ou seja, a necessidade de se criar uma nova ciência para restaurar a ordem social. Começou a escrever e a desenvolver, junto com Saint-Saimon, discussões sobre a industrialização, o capitalismo e o trabalho. Aos poucos, suas ideias vão se tornando independentes, levando a uma ruptura, quando em 1824 escreveu Plano de trabalhos científicos necessários para organizar a sociedade, obra em que já propunha a necessidade da constituição de uma “física social” como fundamento da política positiva.
De 1830 a 1842 publicou a sua grande obra: Curso de Filosofia Positiva, em seis volumes. Para ele o método positivo conduz a ciência como estudo dos fatos e suas relações, fatos que só são percebidos pelos sentidos exteriores.”
Comte trabalha o positivismo que é um dogmatismo físico porque afirma a objetividade do mundo físico e um ceticismo metafísico porque não quer pronunciar-se acerca da existência da natureza dos objetivos metafísicos (RIBEIRO Jr., 2003).

Consenso:


“Presente no pensamento sociológico desde Auguste Comte, o consenso é o estado em que se encontra uma sociedade caracterizada por uma forte coesão entre seus membros, fazendo prevalecer a interdependência entre eles e suas formas de adequação acima dos interesses e das expectativas individuais.
O consenso resultaria da eficácia dos mecanismos sociais em garantir a assimilação de valores, a socialização e o controle social. Muitas dessas análises deixaram de estudar, entretanto, os mecanismos artificiais de consenso, típicos dos regimes totalitários, capazes de simular comportamentos adequados e uma unanimidade ideológica, resultantes unicamente do circunstancial monopólio do poder. A deserção e outras manifestações de protesto individual e coletivo seriam maneiras de evidenciar a fragilidade de certas formas de consenso social. A força dos mecanismos repressivos também evidenciaria essa mesma fragilidade.
Já nas sociedades democráticas, as formas de consenso assumem muitas vezes o caráter de uma negociação, isto é, sustentam-se em mecanismos de ajuste pelos quais os diversos atores cedem parte de seus interesses em favor de situações intermediárias de interesse coletivo. O consenso não se verificaria por uma igualdade de valores e interesses, mas pela possibilidade de situações de conciliação. A oposição pacífica entre posições divergentes está pressuposta nessa forma de consenso.
O consenso foi confundido muitas vezes com os desejos, os interesses e os valores da maioria, entendida como maioria estatística o grupo dominante numa sociedade. Hoje, entretanto, dada a pluralidade da sociedade contemporânea, entende-se o consenso como a possibilidade de convívio e respeito entre os diversos grupos constituintes da sociedade.”
COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 2012, p.389.

A História da Evolução da Humanidade por Augusto Comte:


Na realidade a base da sociologia de Comte não é só o consenso, isto é, a necessidade de se explicar um fenômeno social dentro de um contexto social. Significa a necessidade que existe dentro de cada ser humano para agir segundo os seus padrões de conhecimentos, isto é, relações com outros homens dependem do que ele conhece da natureza e da sociedade na qual está inserido.
A História da humanidade tinha alcançado, naquele momento seguinte à Revolução francesa, o seu estágio superior como resultado da contínua evolução dos estágios anteriores. Todos os estágios têm como parâmetro o desenvolvimento, em que a fase subsequente é sempre mais avançada social ou culturalmente, que a anterior.
Augusto Comte, elabora a lei dos três estados ou estágios de evolução da humanidade. Segundo a lei, o progresso dos conhecimentos humanos se realiza com os três estágios ou estados.
Estado Teológico: fetichismo, politeísmo e monoteísmo.
Estado Metafísico: abstração.
Estado Positivo: conduta científica.
O primeiro estado é denominado de teológico e tem por particularidade apreender os fenômenos naturais como manifestações dos deuses. Dentro desse estado Comte distingue mais três etapas: fetichismo, politeísmo e monoteísmo.
O estado seguinte ao teológico, portanto mais avançado, é o estado metafísico, em que a marca principal é a abstração como instrumento para o estudo da natureza.
O último estado é a etapa mais evoluída da humanidade. No estado positivo manifesta-se a conduta científica, agora o estudo dos fenômenos é realizado através da observação, da comprovação empírica e da formulação das leis da natureza.
Positivismo: “Sistema criado por Augusto Comte que se propõe a ordenar as ciências experimentais, considerando-as o modelo por excelência do conhecimento humano, em detrimento das especulações metafísicas ou teológicas, comtismos; em sentido lato, cada uma das doutrinas influenciadas pelo comtismo nos séculos XIX e XX, caracterizadas pelo cientificismo, metodologia quantitativa e hostilidade ao idealismo.” (HOUAISS, 2009, p.1530).
Augusto Comte deu o nome da ciência social Sociologia, que outrora denominava de Física Social. 

Divisão da Sociologia:


Existe a tradição na literatura sociológica que de um modo geral divide a sociologia em duas: sociologia geral e sociologia específica.

Sociologia Geral:


Investiga os fatos, eventos e manifestos ao mesmo tempo formadores e formados pela vida social. Por consequência desse espectro tão amplo ela aborda todos os fatores constituintes da vida em sociedade e analisa a correlação entre esses fatores.

Sociologia Específica:


Concentram-se nas pesquisas cujas temáticas são bem definidas, em outras palavras, as correlações são circunscritas em esferas delimitadas por fenômenos sociais que possuem determinadas particularidades que as distinguem de outras tantas.
Assim, a sociologia jurídica investiga a influência que o direito recebe do contexto social ao mesmo tempo em que pesquisa a influência do direito no comportamento dos indivíduos nesse mesmo contexto. Ocorre a mesma coisa com a religião, a comunicação, ou seja, uma sociologia da religião, uma sociologia da comunicação, etc.

Influências de Comte no Brasil:

 Sua influência marcou profundamente ao nascimento da República.
Segundo LEMOS JR., 2009, p. 47): “Os jovens da elite brasileira estudaram na Europa, sobretudo na França, onde foram influenciados pelas ideias positivistas. Mas foi principalmente na área militar que as influências foram maiores. A Escola Militar do Rio de Janeiro, onde se formavam os oficiais brasileiros, era uma cópia da Escola Militar Francesa, dominada pelos positivistas. Quando da proclamação da República, os professores da Escola Militar, Benjamim Constant, Miguel Lemos e Teixeira Mendes, colocaram na bandeira brasileira os dois lemas do positivismo: ordem e progresso.”
Já deu para percebermos que as ideias de Comte ganharam grandes ideais no Brasil.

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