terça-feira, 25 de novembro de 2014

A natureza social do homem

          "Ninguém ignora que o homem é um ser cuja natureza é essencialmente social: é, na célebre definição de Aristóteles, um animal político porque nasceu para viver em comunidade (polis). Com efeito, sendo dotado de sentimentos e de razão, precisa de comunicar, de trocar experiências, de produzir bens para si e para os outros, de utilizar o produto do trabalho alheio, porque é absolutamente impossível criar sozinho tudo o que necessita para viver. A expressão latina unus homo, nullus homo caracteriza bem a sua natureza social porque o homem que viva absolutamente isolado, sem uma comunidade social mais ou menos extensa ( a família, a tribo, a cidade, o Estado), não é homem: é um nada.
          Ser gregário por natureza, o homem pertence a dois mundos:
          a) ao mundo natural, constituído por seres animais, vegetais e minerais. O homem é, tão só, uma parte constituinte do todo, mas é indubitavelmente ma mais importante em resultado das suas qualidades biopsíquicas que o impõem aos restantes seres;
          b) ao mundo cultural, construído pela sua inteligência e trabalho. É constituído pelos seres humanos e bens que produzem para viverem e obterem melhores condições de vida. Caracteriza a vitória do homem na sua luta tenaz para se destacar no mundo natural, criando uma dualidade que o separa dos restantes dos seres.
          É no mundo cultural que o homem afirma a sua racionalidade que se manifesta nas realizações duma vida que decorre em convivência. Dir-se-á que viver com os outros (conviver) é o seu destino, a que não pode fugir sob pena de deixar de ser homem.
          Porém, a convivência postula regras que disciplinem os comportamentos de cada homem e transmitam a segurança necessária à vida de relação com os outros. Tais regras corporizam a ordem social que importa estudar" (A. Santos Justo, Introdução ao estudo do direito, Coimbra: Coimbra Ed., 2001, p. 13-14). 

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